26 de jun. de 2011

A tirania do craque

Foto: Wagner Meier
Ronaldinho Gaúcho foi eleito duas vezes o melhor jogador do mundo. Em 2002, ele foi um dos principais atletas que conquistou o penta com a “Família Scolari”, no Japão. No Barcelona, o “dentuço” extrapolou os limites da física nos gramados.
Fez acrobacias com a bola.  Inventou dribles que atordoaram os adversários e foram imitados em milhares de campos improvisados do Brasil.
Porém, Ronaldinho, agora no Flamengo, vive sob pressão. Não é nem a pressão da torcida que o incomoda. Com certeza viu graça na “pegação de pé” de alguns que criaram o “Disque Dentuço” para vigiar a sua vida noturna.
 O jogador vive um dilema de que só ele e tantos outros craques da história poderiam enfrentar. Ronaldinho é refém do seu próprio talento. Vive sufocado pela tirania da alta performance.  
A cada toque na bola se vê na obrigação de criar uma jogada brilhante. Os rubro-negros aguardam isso. A diretoria do Flamengo trouxe o atacante pensando nisso.
O dever de acertar é maior do que o direito de errar.  Precisa provar a si mesmo do que é capaz, mas ao mesmo tempo sabe que não desaprendeu nada daquilo que tornou-o melhor do mundo.
Nem a torcida sabe o que esperar. No jogo contra o Avaí de uma arrancada, fez um golaço, tabelou e só não fez chover.


Claro, ele não tem a mesma idade ou arrancada, mas a esperança em rever o futebol de alto nível havia voltado. Ledo engano. Passaram-se cinco jogos e apenas alguns bons passes. Longe de impressionar.
No último jogo contra o Botafogo, o jogador cometeu faltas ao estilo zagueiro que não perde a viagem. Foi substituído sob vaias. Treinou normalmente a última semana, enquanto seu irmão e empresário, Assis, prometia controlar as noitadas no Rio de Janeiro.
Ontem, no duelo com o Atlético Mineiro, acabou o primeiro tempo e as vaias surgiram novamente. Seria mais um dia de Ronaldinho "vilão"? Não foi. O camisa 10 só precisou de um lance para mostrar categoria.
Colocou a bola no anglo como se fosse com a mão. Antes de ver toda a trajetória da bola já saiu comemorando. A comemoração foi diferente. Ronaldinho fez uma saudação japonesa, demonstrando respeito e reverência aos torcedores.
Time e torcida fizeram as pazes. Até o atacante Deivid, um dos mais criticados, fez dois gols, um com um chute indefensável. O Atlético apequenou-se. Parecia estar em sintonia com a apatia. A goleada de 4 x 1 satisfez a torcida vermelho e preta que gritou o nome de Ronaldinho até o final da partida.
Enquanto Ronaldinho não conseguir resolver esse dilema continuará, a cada rodada do Brasileirão, provando o gosto amargo ou doce de ser um craque.

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