Foto: Christian Rizzi |
Conforme as regras da Receita Federal, todo turista que deixa o Paraguai com destino ao Brasil deve prestar contas. Se o valor das mercadorias superar os US$ 300, é preciso pagar impostos – 50% sobre o excedente da cota. Caso contrário, é necessário declarar quais mercadorias foram adquiridas no país vizinho. O problema é que a espera na fila é um tormento para os turistas.
Aos sábados, dia de maior movimento no Paraguai, a espera, em geral, passa de duas horas, além do tempo que se leva para cruzar a Ponte da Amizade de carro. Nos dias de semana, dependendo do movimento e do horário, o tempo médio de espera chega a uma hora.
O turista Gerson Morais, 50 anos, de Presidente Prudente (SP), era um dos que aguardavam para ser atendido na fila na terça-feira, dia considerado de relativa tranqüilidade. Ele comprou um GPS e outras mercadorias que não excediam a cota. Preferiu declarar para não correr o risco de perder os produtos na volta para casa.
Gerson reclamou da estrutura e disse que o governo poderia criar outro sistema de fiscalização para quem não adquire produtos acima da cota, caso em que não é necessário pagar impostos. “Acho que não precisava declarar, já que a mercadoria está dentro da cota. É muito tempo na fila”. Morais avalia que a distribuição de senhas e a instalação de cadeiras facilitaria a vida de quem tem de esperar.
Outro turista, o catarinense Alessandro Rosa, ficou com a mulher e dois filhos pequenos durante uma hora e meia na fila, também na terça-feira, mesmo tendo prioridade de atendimento por estar com crianças. “É muita gente, muita loucura”, reclama.
Impostos
Segundo a Receita Federal, só 10% das pessoas que passam pela aduana paga impostos, já que uma minoria compra produtos acima da cota. Mesmo para quem paga impostos, no entanto, há dificuldades. A taxa é paga no posto do Banco do Brasil que fica na alfândega, que só funciona das 11h30 às 17h30. O turista que passar pela aduana antes ou depois deste horário precisa quitar o imposto em caixas eletrônicos no centro de Foz do Iguaçu, o que dificulta, principalmente para quem depende de transporte.
O auditor fiscal da Receita Federal Ivair Hoffmann diz que a formação de filas na alfândega brasileira para fazer a declaração de bagagens se deve ao expressivo número de pessoas na fronteira. “O problema é o número de pessoas. Tem dia que tem 3 mil. Não há lugar no país que tenha estrutura adequada. Não é desejável, mas fazemos o possível”, diz.
O problema é maior em meses de férias, como julho, pois o movimento na fronteira aumenta e há servidores em férias. O grande fluxo de turistas levou a Receita Federal a não fiscalizar todos os que cruzam a fronteira. Hoje o procedimento seria inviável, segundo a Receita Federal, porque a fronteira ficaria parada. Atualmente, 15 funcionários da Receita atendem o setor de bagagem. Eles fiscalizam nas pistas de entrada do Brasil, orientam turistas na fila e registram as declarações.
Denise Paro - Gazeta do Povo
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